"De maneira geral, todos os chamados planos habitacionais são erráticos porque não amparam a questão essencial da moradia, que é o endereço.
Habitação tem de ser junto do transporte público, nas áreas mais centrais,
onde o acesso ao trabalho é mais fácil. A grande questão da habitação é a construção da cidade. Se você considerar uma cidade como as nossas, com mais de cinco milhões de habitantes, não pode fazê-la inteira pensando em palácios, museus, teatros. Isso são endereços indispensáveis à cidade. Mas ela é feita de milhões de casas, que tem de conviver com o comércio, com acesso à saúde, à educação, ao transporte público. Portanto é um problema muito mais complexo do que simplesmente fazer um determinado número de casas, no caso, 1 milhão.Esse contrasenso de se afastar das áreas centrais é até explicável pela ideologia das classes mais ricas.Mas a cidade bem feita é sempre um espaço democrático. Isso apavora esse pessoal que gosta de morar afastado.Não percebem que, com isso, destroem a sua própria cidade, a sua própria moradia.
Eu não sei como é que se faz para educar os filhos na adolescência em condomínios fechados. Estão produzindo monstrengos".
Paulo Mendes da Rocha, arquiteto capixaba, comentando sobre o programa habitacional *Minha Casa, Minha Vida, do Governo Federal numa recente entrevista ao jornal Folha de São Paulo.
*Minha Casa, Minha Vida é um plano nacional de habitação criado pelo governo federal. Com investimentos de R$60 bilhões até 2011, dos quais R$15 bilhões deverão ser aplicados em 2009, e que deve gerar 3,5 milhões de empregos formais nos próximos três anos, o projeto tem como objetivo garantir um milhão de moradias para famílias que ganham até dez salários mínimos.
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